Bibliofilia: Amor por livros e por ler. O Bibliófilo ama ler e sente devoção pelos livros, colecciona-os e admira-os.

30/05/2013

Quando não estou a ler no kindle...

... posso precisar do gimble!




Adapta-se a todos os tamanhos de livros e as peças laterais que seguram as páginas são flexíveis, permitindo passar as páginas com facilidade de um lado para o outro (e sem danificar as páginas), e ao mesmo tempo seguram bem o livro. Além de manter o livro aberto, a parte mais robusta do gimble mantém o livro direito, em pé ou deitado, sem necessidade de o segurar. No fim da leitura, dobra-se e arruma-se facilmente, tão leve que se pode levar na carteira. Como sou preguiçosa, até a ler, comprei o meu ontem, para a minha colecção de acessórios bibliófilos. Já antecipo as leituras na praia e na esplanada, quando se o Verão finalmente chegar. 




Comprei numa livraria, mas podem encontrar online este objecto para bibliófilos. 

18/05/2013

Admirável Mundo Novo

Autor: Aldous Huxley

Tradução: Mário-Henrique Leiria (+)

Título original: Brave New World

Editora: Livros do Brasil (1984)

Nº de páginas: 280

Publicação original: Chatto & Windus (1932)

Sinopse: Publicado em 1932, Admirável Mundo Novo tornar-se-ia um dos mais extraordinários sucessos literários europeus das décadas seguintes. O livro descreve uma sociedade futura em que as pessoas seriam condicionadas em termos genéticos e psicológicos, a fim de se conformarem com as regras sociais dominantes. Tal sociedade dividir-se-ia em castas e desconheceria os conceitos de família e de moral. Contudo, esse mundo quase irrespirável não deixa de gerar os seus anticorpos. Bernard Marx, o protagonista, sente-se descontente com ele, em parte por ser fisicamente diferente dos restantes membros da sua casta. Então, numa espécie de reserva histórica em que algumas pessoas continuam a viver de acordo com valores e regras do passado, Bernard encontra um jovem que irá apresentar à sociedade asséptica do seu tempo, como um exemplo de outra forma de ser e de viver. Sem imaginar sequer os problemas e os conflitos que essa sua decisão provocará. Admirável Mundo Novo é um aviso, um apelo à consciência dos homens. É uma denúncia do perigo que ameaça a humanidade, se a tempo não fechar os ouvidos ao canto da sereia de uma falsa noção de progresso.


Opinião: Admirável Mundo Novo é considerado um clássico moderno e uma obra distópica obrigatória. A acção decorre no futuro distante de 2450, onde séculos de avanços científicos originaram uma sociedade em tudo diferente da que temos hoje em dia. Os seres humanos são "cultivados" em instalações científicas, e total e absolutamente condicionados desde o momento em que são uma célula única, até ao final dos seus dias (final esse obviamente também condicionado por avançadas técnicas anti envelhecimento).

Nesta sociedade, tudo aquilo que é susceptível de criar conflitos ou angústias, mal estar e revolta nos seres humanos foi eliminado. São divididos em categorias, ou castas, em que as características que os distinguem são tão sociais como biológicas. Embriões são manipulados química e geneticamente para apresentarem as características necessárias a cada casta, e as crianças são sujeitas a um condicionamento por mensagens áudio, reproduzidas milhares de vezes durante o sono e que se alojam profundamente nas suas mentes, como verdades inquestionáveis. Necessidades biológicas e sociais essenciais a um ser humano saudável, como sexo e entretenimento inconsequente são encorajadas e disponibilizadas de acordo com as necessidades da casta. Para as categorias superiores, quando apesar de tudo existem sentimentos como ansiedade ou melancolia, basta tomar drogas que dissolvem a consciência e ajudam a voltar a ser leve e feliz.

Não existe sofrimento por amor, porque não existem relações, apenas sexo. Não existe ciúme, porque a poligamia é a regra e a monogamia impensável. Não existem emoções familiares cujos laços possam interferir com o bem estar, porque não há famílias. Não existe religião, mas sim uma veneração a uma metodologia, instalada desde cedo nas mentes das crianças e inquestionável. Não existe sentimento de injustiça social, uma vez que cada indivíduo foi feito para pertencer à sua categoria, e desejar nada mais.

Que razão terá um trabalhador inferior para ser infeliz, se o seu genoma foi manipulado para apresentar características físicas concordantes com as suas funções profissionais, e se no seu crescimento foi interiorizada psicologicamente a noção que tem tudo o que deseja, que é feliz e que bom é ser um trabalhador simples? Como não ser feliz quando se pertence à categoria superior Alfa? O nosso físico ideal se completa com  um intelecto compatível com profissões superiores, e um condicionamento embrionário é mantido ao longo do crescimento, para ser feliz, viver  satisfeito com a vida como Alfa, e não questionar nada?

A História mostrou-nos que o povo se torna perigoso quando se vê infeliz e descontente, e a melhor maneira de controlar as pessoas, é criar um mundo onde todos são felizes. Que melhor maneira de eliminar a rejeição das visões impostas do que eliminar a vontade de rejeitar? O melhor tirano é aquele que não é visto como tal.

Num mundo em que todos são aquilo que nasceram para ser, com castas definidas desde o estado embrionário e condicionadas no seu desenvolvimento para desejarem unicamente aquilo que têm, todos são felizes. A vida é boa, sem descontentamentos, reivindicações sociais, conflitos interpessoais de espécie alguma, nem questões existenciais.

Mas tal como em qualquer linha de montagem bem oleada, alguns indivíduos podem sair defeituosos. O que acontece quando um homem que entende o sistema de condicionamento como ninguém tem uma consciência mais alerta do que os demais da sua casta? Quando sabe que o que pensa é aquilo que lhe foi dito para pensar? O que acontece quando começa a agir de forma diferente e a procurar algo diferente do que aquilo que tem? E como reagiria alguém criado num ambiente como o que conhecemos hoje em dia a uma sociedade perfeita como esta? 

Esta é a premissa deste livro. Arrebatador deste o início, a primeira parte é pura ficção científica (ou ciência), em que nos são descritos os processos de manipulação genética responsáveis pelo estabelecimento desta sociedade. E foi por isso que este livro me impressionou desde o início, não só a questão científica por detrás desta sociedade, mas o conceito que a compõe, sendo claramente futurista, é assustadoramente actual. Como pode este livro ter sido escrito em 1932?!, era a minha questão a cada novo capítulo.

O meu fascínio foi crescendo com a descrição da sociedade e dos seus pormenores, com a introdução de personagens e dos seus pontos de vista. Apercebi-me que este livro foi escrito por alguém com uma profunda compreensão da natureza humana e das suas necessidades físicas e espirituais, e da humanidade e do caminho que trilhamos. Numa altura em que somos bombardeados em informação e influências, este livro fez-me reflectir em quão maleáveis somos enquanto seres humanos. Desde pequenos, no seio das nossas famílias, somos educados para pensar e agir de determinada forma, e enquanto adultos, absorvemos as influências dos outros e dos media. Quantas vezes precisamos de ouvir uma mentira para passarmos a acreditar nela?

Acabei por não sentir empatia por nenhuma das personagens, e cada uma delas me pareceu imprevisível e até irritante na sua perspectiva particular, o que me fez pensar que ou o autor não "explicou" as suas personagens ou eu não as compreendi. Dei por mim a desejar ler mais rápido os devaneios das personagens para voltar ao rumo dos acontecimentos. Não obstante, recomendo sem hesitação esta leitura. 
Um livro impressionante em vários aspectos, mas sobretudo intemporal. 

O melhor: A incrível premissa do livro e quão actual se mantém. A integração dos textos de Shakespeare.

O pior: Pouca ligação e empatia com as personagens.

4/5 - Gostei bastante

17/05/2013

Leitura temática - Escócia medieval

Quem me conhece sabe que tenho um fascínio quase infantil com a época medieval. Há quem tenha um interesse académico, estude e seja especialista no tema (estou a olhar para vocês, Diana e Carla), mas no meu caso é apenas um interesse de quem sempre adorou História, castelos e reis e rainhas. Qualquer livro ou filme com cenário medieval tem à partida interesse, e deliro com feiras medievais e castelos no geral.

Como leitora, isso reflecte-se na eleição dos meus géneros favoritos, aqueles cuja leitura me enche as medidas, mesmo sem os considerar os melhores livros de sempre: Romance histórico e Fantasia (sendo que a esmagadora maioria dos livros destes géneros têm como base a cultura medieval europeia).

Em antecipação a uma viagem à Escócia, enquanto pesquisava os locais de interesse, factos históricos e paisagens, fiquei com vontade de ler um livro cuja acção se passasse por lá, para entrar no ambiente da viagem (Castelos!). Após uma rápida pesquisa por títulos, verifiquei sem surpresas que os livros que me chamaram à atenção foram os romances históricos. Sabe-se lá porquê, passei demasiado tempo sem ler um livro deste género, e decidi imediatamente fazer uma leitura temática sobre a Escócia medieval, não necessariamente histórias passadas na Escócia mas também com personagens escocesas ou envolvendo de alguma forma a História da Escócia. A ideia era ler estes livros antes de ir, mas a lista de livros foi crescendo, transformando o "estágio pré-viagem" numa leitura temática por tempo indefinido.



Não é um desafio, é mais uma forma de me divertir enquanto regresso a este género querido, e talvez convencer mais leitores a fazer o mesmo ou experimentarem-no pela primeira vez. Sugestões são bem vindas!
Assim sendo, aqui fica uma lista de alguns dos livros que encontrei, dos quais provavelmente não vou ler  posso não ler todos, já que tendo em conta que estes livros são todos calhamaços de mais de 500 páginas, posso desenvolver sintomas de overdose. 




The Winter Sea, Susanna Kearsley (lido)

Queen Hereafter, Susan Fraser King (a ler)

The Other Queen, Phillipa Gregory (lido)

White Rose Rebel , Janet Paisley (lido)

The White Mare, Jules Watson

Outlander, by Diana Gabaldon 

On a Highland Shore, Kathleen Givens

The Forgotten Queen, D.L. Bogdan

Blue Bells of Scotland, Laura Vosika 

Mary Queen of Scotland & The Isles, Margaret George

Lady Of The Glen, Jennifer Roberson

Immortal Queen: Mary Queen of Scots, Elizabeth Byrd








Facto engraçado descoberto aquando da minha pesquisa de livros passados na Escócia, e para referência futura: romances entre donzelas e Highlanders musculados de kilt são, por alguma razão, bastante populares.


16/05/2013

Adult Dystopia



A Diana descobriu-o, a Slayra adoptou-o, e eu agora copio-o. Este desafio Adult Dystopia é especial porque a razão que me fez aderir foi o facto de não ter tempo limite. Isso mesmo, para o completar "basta" ler todos os livros da lista. É um incentivo, mas sem a parte da pressão de o concluir (que normalmente é o que me faz ficar sem vontade de ler os livros em questão). 

Distopia. É um género (?) que gosto bastante, e que pode ser bastante versátil (imensos livros diferentes caem nesta categoria), e já que a lista inclui imensos livros que já tenho na minha lista de livros para ler, porque não tentar oficializar a coisa? Ao mesmo tempo fico com imensas sugestões de obras dentro do género.

Eis a lista, e risquei os livros que já li. Quanto à conclusão deste desafio, vemo-nos quando nos virmos!

1. White Horse by Alex Adams
2. Feed by M. T. Anderson
3. The Handmaid’s Tale by Margaret Atwood
4. Oryx and Crake by Margaret Atwood
5. The Year of the Flood by Margaret Atwood
6. The Windup Girl by Paolo Bacigalupi
7. Nod by Adrian Barnes
8. City of Bohane by Kevin Barry
9. Jennifer Government by Max Barry
10. Mountain Man by Keith Blackmore
11. Fahrenheit 451 by Ray Bradbury
12. The Postman by David Brin
13. The Sheep Look Up by David Brin
14. Armageddon’s Children by Terry Brooks
15. The End of This Day’s Business by Katharine Burdekin
16. A Clockwork Orange by Anthony Burgess
17. The Wanting Seed by Anthony Burgess
18. Veracity by Laura Bynum
19. The Death of Grass by John Christopher
20. The Passage by Justin Cronin
21. The Twelve by Justin Cronin
22. Do Androids Dream of Electric Sheep? by Philip K. Dick
23. Shades of Grey by Jasper Fforde
24. Alas Babylon by Pat Frank
25. The Carhullan Army by Sarah Hall
26. The Gone-Away World by Nick Harkaway
27. Into the Forest by June Hegland
28. The Unit by Ninni Holmqvist
29. The Possibility of an Island by Michel Houellebecq
30. Brave New World by Aldous Huxley
31. Never Let Me Go by Kazuo Ishiguro
32. This Dark Earth by John Hornor Jacobs
33. The Children of Men by P. D. James
34. When She Woke by Hillary Jordan
35. The Trial by Franz Kafka
36. In a Perfect World, by Laura Kasischke
37. The Stand by Stephen King
38. Always Coming Home by Ursula LeGuin
39. Lathe of Heaven by Ursula K. LeGuin
40. The First Century After Beatrice by Amin Maalouf
41. I am Legend by Richard Matheson
42. The Road by Cormac McCarthy
43. A Creed for the Third Millennium by Colleen McCollough
44. I Have Waited and You Have Come by Martine McDonagh
45. A Canticle for Leibowitz by Walter M. Miller Jr.
46. Cloud Atlas by David Mitchell
47. V for Vendetta by Alan Moore
48. 1Q84 by Haruki Murakami
49. Bend Sinister by Vladimir Nabokov
50. Sulphuric Acid by Amelie Nothomb
51. 1984 by George Orwell
52. Anthem by Ayn Rand
53. Mistborn by Brandon Sanderson
54. Blindness by Jose Saramago
55. Seeing by Jose Saramago
56. The Diamond Age by Neal Stephenson
57. Earth Abides by George R Stewart
58. Dies the Fire by S. M. Stirling
59. The Domination by S. M. Stirling
60. A Voyage to Kazohinia by Sandor Szathmari
61. Battle Royale by Koushun Takami
62. Far North by Marcel Theroux
63. The Traveler by John Twelve Hawks
64. The Sleeper Awakes by H.G. Wells
65. The Time Machine by H.G. Wells
66. Julian Comstock: A Story of 22nd Century America by Robert Charles Wilson
67. The Book of the New Sun by Gene Wolfe
68. The Crysalids by John Wyndham
69. We by Yvengy Zamyatin
70. Corpus delicti by Juli Zeh

Este desafio foi elaborado pelo blog Uncorked Thoughts.

15/05/2013

Estante à Quarta (41)


(imagem daqui)

14/05/2013

Top Ten Tuesday - 10 Leituras complicadas


Tal como diversos blogs que sigo, também eu resolvi aderir a esta rubrica semanal, Top Ten Tuesday, originalmente publicada no blog The Broke and the Bookish. Todas as terças-feiras é publicado um tema, e blogs por essa internet fora publicam o seu top 10 (ou o máximo que consigam) de livros segundo esse tema. 
Os temas costumam ser bastante interessantes, e apesar de não prometer participar todas as semanas, fica aqui hoje a primeira participação: o meu top 9 (não me consegui lembrar de 10) de leituras desconfortáveis, livros que lidem com temas sérios, difíceis para o leitor, por ordem de leitura.



Diário de Anne Frank, por Anne Frank - Li este livro na adolescência (ainda uma criança, quase), e foi a primeira leitura que me marcou. Fiquei terrivelmente impressionada com a realidade de uma guerra que ouvia falar mas da qual nada sabia e pouco queria saber. A perspectiva da guerra e da perseguição nazi, de uma menina da minha idade, em tantos aspectos tão ignorante acerca da guerra como eu, marcou-me profundamente e apesar de ter adorado o livro, foi uma leitura difícil e devido a ela sempre senti uma atracção para as obras passadas nesta época da História.



Vendidas, Zana Mushen - Tal como o livro anterior, li o Vendidas no início da adolescência e teve em mim um impacto fortíssimo. Conta a história de duas irmãs, residentes no Reino Unido e filhas de pai iemenita e mãe inglesa, que são levadas para o Iémen e vendidas em casamento pelo pai . Por várias vezes quis largar o livro, para não ler mais os horrores e humilhações que Zana e Nadia são submetidas na vida de casadas num país árabe, em lares profundamente retrógrados. O facto do livro ser contado na primeira pessoa por Zana, e de ambas terem crescido numa sociedade ocidental semelhante à minha e terem sofrido o choque cultural terrível, na minha idade, fez com que me marcasse profundamente. Um livro forte, por ser uma história real.



Lolita, Vladimir Nobokov - Este livro podia ser (e é, na verdade), um caso de estudo literário. Ainda hoje não consigo dizer se gostei dele ou não. Em retrospectiva, tudo o que tem de bom é tudo o que me repugna no conteúdo. Gostei das personagens, bem construídas e incrivelmente reais. Gostei da narrativa e do trágico da obra. Mas como é que simpatizamos com Humbert Humbert, um homem que sem hesitação chamaríamos um pervertido? Como é que acreditamos  nos seus devaneios e justificações ao ponto de acreditarmos na sua perspectiva das coisas? Como pensar que Lolita não é tão inocente como qualquer menina de 13 anos? É um livro duplamente desconfortável, primeiro pelo tema que aborda, e depois por fazer o leitor auto-criticar-se por (quase) tomar o partido do adulto abusador.




Trilogia Millenium, Stieg Larsson - Apesar do título, quem começa a ler o primeiro livro da trilogia, Os Homens que Odeiam as Mulheres, não sabe que está a ler uma obra que retrata temas fortes como a violência de género, tráfico de seres humanos, prostituição forçada,  maus tratos, negligência parental e abusos físicos e psicológicos no seio da família, na aparente sofisticada e cristalina sociedade sueca. Apesar do primeiro livro ter como trama central uma situação de corrupção financeira, a fascinante personagem principal, Lisbeth Salander, vê-se envolvida em situações que me deixaram revoltada e horrorizada. As descrições cruas de cenas fortíssimas, do ponto de vista da própria Lisbeth perturbaram-me imenso, como só o tema de violência contra as mulheres me consegue perturbar. Ao longo dos restantes livros da trilogia percebemos que o tema global é a violência contra as mulheres, nas suas mais diversas formas, numa obra cuja escrita foi motivada por um acontecimento real na vida do autor, ao testemunhar uma situação de violência contra uma jovem desconhecida. 


The Help (As Serviçais), Kathryn Stockett - Este livro retrata a realidade da segregação de raça nos anos 60, no estado do Mississipi, Estados Unidos da América. A época de Martin Luther King, e escolas de negros e escolas de brancos e violência de raça a decorrer abertamente. É a história de 3 mulheres, duas criadas negras e uma branca. Os relatos destas personagens fictícias poderiam bem ser reais, no contexto desta fase da história recente dos Estados Unidos, e o desconforto e revolta que senti ao lê-los foi bem real. 



Room (O Quarto de Jack, em português), Emma Donohue - Este livro é contado por um menino de 5 anos, que vive com a mãe num quarto. Toda a sua vida e o seu mundo são aquele quarto fechado, onde nasceu e vai crescendo. É estranha a maneira como a história nos é contada, porque um menino de 5 anos tem um raciocínio e vocabulário lineares. Mas os contornos perturbadores desta história começam a definir-se quando começamos a perceber como e porquê Jack e a mãe vivem neste quarto. 




Pequena Abelha, Chris Cleave - Mais uma vez, um livro que me impressionou e deixou desconfortável pela dose de realidade que representa. Little Bee, uma menina nigeriana, conta na primeira pessoa a emocionante história da sua breve vida, e a maneira marcante como conheceu Sarah, uma inglesa na casa dos 30 anos. Este livro aborda não só o tema da realidade violenta e dificuldades sociais na Nigéria, mas também temas mais profundos como os refugiados no Reino Unido, como as nossas vidas podem mudar para sempre por um acontecimento imprevisível,  auto-sacrifício e até que ponto estamos dispostos a sair do nosso caminho para ajudar alguém.


Habibi, Craig Thompson - A sublime arte presente em cada uma das 672 páginas desta fantástica graphic novel não deixa ignorar o forte tema da segregação feminina na cultura árabe, além da escravatura. A triste história das duas personagens principais que passam  por diversas provações é mais triste ainda por saber que é a história de muitos seres humanos. 




Gone Girl (Em Parte Incerta) - Já falei imeeenso deste livro, e podem ouvir o que eu disse aqui, além da minha opinião. Este livro perturbou-me pela excelente caracterização psicológica das personagens. É assustadora a perspectiva de que pessoas com perturbações mentais retorcidas se cruzam connosco nas nossas vidas, mas é uma perspectiva real, e este livro demonstra-o de forma brilhante. 





08/05/2013

Estante à quarta (40)

Apartamento em Paris.



(detalhes aqui)

06/05/2013

Só Ler Não Basta - Ep. #4.2 - "Leitura Conjunta de Gone Girl"

Como se eu já não tagarelasse o suficiente, a Telma, a Carla e a Diana decidiram convidar-me para tagarelar com elas como convidada do Só Ler Não Basta de Abril. O tema da discussão foi o livro Gone Girl (Em Parte Incerta), da Gillian Flynn, que todas lemos recentemente. Problemas técnicos com o YouTube e os Hangouts do Google deixaram a primeira conversa que tivemos perdida em parte incerta na internet, mas aqui fica a conversa registada. A discussão é toda ela um enorme spoiler, por essa razão recomendada a quem já leu o livro, ou quem adora spoilers

Foi uma experiência atribulada e chegou a ser tecnicamente frustrante, mas adorei esta(s) conversa(s)! 



Para quem preferir ouvir a discussão em áudio, pode seguir este tutorial para transformar o vídeo em ficheiro MP3. 

01/05/2013

Estante à Quarta (39)


(imagem daqui)